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Mensagem de Sua Excelência o Presidente da República alusiva ao Dia Nacional da Cultura e das Comunidades_ 18 de Outubro de 2020

Submitted by on 22/10/2020 – 21:34No Comment
Mensagem de Sua Excelência o Presidente da República alusiva ao Dia Nacional da Cultura e das Comunidades_ 18 de Outubro de 2020

Caros Concidadãos,

Celebrar o Dia Nacional da Cultura e das Comunidades personificado num dos ícones maiores da nossa Cultura, Eugénio Tavares, é celebrar a nossa essência, a nossa língua, a nossa História, a nossa identidade. É celebrar Cabo Verde, que, alicerçado na Cultura e nas Comunidades no exterior, se estende muito para além das ilhas.

Todos, nas ilhas e na nossa ampla diáspora, são responsáveis pela sua elevação, pela continuidade deste sentimento de pertença, no moldar desta identidade, saída do caldo de outras nações, ao longo de séculos. E gostaria de aproveitar este dia especial, esta efeméride que nos toca de maneira particular, para destacar e chamar a atenção para os nossos cultores e fazedores da arte popular. Esta é a forma de arte da nossa infância, aquela que muitos de nós encontrou ao dar os primeiros passos para fora do berço.

A arte dos nossos artesãos é aquela que está por todo o lado, que também faz parte do nosso quotidiano, em diferentes formas, como uma cantiga de colá boi, um finason de nha Nácia Gomi, uma rabecada, um objecto de cestaria ou de cerâmica de São Nicolau ou Boa Vista. Mas também no nosso falar encantado do crioulo das ilhas, sua riqueza e longo processo de maturação e casamento com os variados estilos musicais.

Pegámos nos sentimentos mais caros e amassámo-los, misturámo-los com ingredientes da terra escassa e premonitória, ventos secos e uivantes, e regámos tudo com saudades, amor e bem-querer. E assim povoámos o nosso espaço e imaginário, nessa teia invisível que nos une, nas várias partidas do mundo. Um sentimento que nos alcança numa fé muito própria, dos homens e mulheres que escolheram o seu caminho, o seu percurso, e não o indicado pelos outros; não se fez no que os outros quiseram, mas no que o seu povo sentiu, na volição do seu ser.

Mas esta cultura integra também o nosso particular modo de pensar e agir, os nossos sentimentos de solidariedade e de harmonia, o que nos apurou o carácter e nos deu a resiliência de viver e sermos felizes, entre o mar e a semi-aridez. Este modo de ser agregou-nos valores, como nação, que são as nossas bússolas espirituais, indispensáveis na interpretação dos nossos caminhos, da viagem das nossas ilhas. Hoje temos inúmeros artistas e fazedores da cultura e estamos longe de pensar que ela, ao contrário de outras realidades, possa estar em perigo ou ameaçada. Agentes culturais encarregam-se, nas suas múltiplas e variadas formas, de a desenvolver, promover e divulgar, vivificando-a, garantindo, assim, a sua perenidade.

E se ela por si só se mostra capaz de fazer o seu caminho, não podemos fugir à nossa responsabilidade de a democratizar, na nossa sociedade, de maneira a aumentar e permitir o seu acesso a todos, como bem indispensável à comunidade. Esse acesso generalizado permite a construção e aprofundamento da nossa identidade cultural, abrindo as formas de comunicação, de conhecimento e de intercâmbio, estejam as pessoas na cidade ou nos meios rurais.

Demos um salto enorme, hoje somos um país em desenvolvimento com uma taxa de crescimento interessante e, não obstante a pobreza ainda existente, a verdade é que tem havido uma redução enorme da pobreza e da pobreza extrema em Cabo Verde, assinalada pelo Banco Mundial como a política de maior sucesso nesse domínio em todo o continente africano, devido sobretudo aos bons programas, à estabilidade política e às instituições fortes.

Somos um país conhecido e respeitado no mundo, pela estabilidade política, pela seriedade nas políticas públicas, pela governação responsável e pelo grau de maturidade do nosso sistema democrático.

E a nossa emigração é conhecida e respeitada no mundo, pois somos trabalhadores, sérios e empenhados, pacíficos, mas muito ciosos dos nossos direitos.

Integramo-nos nos países de acolhimento com facilidade, porque é mesmo assim a nossa história, feita de encontros de povos, raças, culturas e línguas, somos síntese e somos ponte, por sermos, na nossa singularidade, pedaços de muitos mundos e cores.

É reconfortante reconhecer que as sucessivas gerações de caboverdianos souberam aproximar-se e formar, nos países de acolhimento, comunidades coesas, sólidas e prestigiadas.

Julgo, no entanto, que se torna urgente que se comece a encarar a importância do associativismo em outros moldes. Cabe aos mais jovens apreenderem as boas práticas dos que os antecederam e, a partir do que já foi conquistado, avançar na senda de um associativismo que se edifique sobre um piso de valores comuns baseado na importância da liberdade, da democracia, da amizade entre os povos e da promoção da cultura cabo-verdiana.

Acredito, muito sinceramente, que os aspectos essenciais da interculturalidade são um elemento essencial para a promoção de uma cultura de paz, que deve ser o antídoto ao culto da intolerância e da predisposição para a violência. A interculturalidade surge, assim, como uma ferramenta essencial à construção de um mundo muito melhor e plural e como instrumento insubstituível na edificação de uma autêntica cultura da paz.

Creio que a nova geração pode e deve conseguir pôr todos os avanços tecnológicos ao serviço das novas e velhas lutas e dos desafios do tempo presente: a melhor distribuição da riqueza mundial, a defesa do ambiente, a igualdade de oportunidades, o aprofundamento da cidadania democrática, cívica, cultural, política, enfim a boa integração nos países de acolhimento.

Neste ano 2020 – um ano fora do comum, diga-se -, Cabo Verde enquanto nação global tem sido profundamente afectado pela pandemia da Covid19. Infelizmente, há registos de um número relativamente elevado de conterrâneos nossos vitimados pela pandemia da Covid19, em diversos países de acolhimento, dos Estados Unidos da América a Portugal, à Itália, da França ao Senegal, do Luxemburgo à Holanda.

Não nos podemos esquecer desses nossos concidadãos para quem a Covid19 ficará como sinónimo de desemprego, de diminuição de condições de vida, de empobrecimento radical e mesmo de fome. O confinamento e a quase paralisação da actividade económica, com o encerramento de empresas e perda de emprego, têm tido consequências sociais junto das nossas comunidades no exterior que não têm podido se socorrer, na plenitude, do movimento associativo que sempre teve um papel de ajuda e solidariedade entre os cabo-verdianos residentes no estrangeiro, não obstante algumas importantes medidas sociais de mitigação tomadas por governos dos países de acolhimento, em particular dos países Europeus e EUA.

Concidadãos,

Aprofundam-se, no cenário actual, um conjunto de dificuldades – económicas, sociais e de saúde – que permeiam as inúmeras situações adversas que atingem os emigrantes. 4 Perante outras situações de muita fragilidade de algumas das nossas comunidades no estrangeiro – designadamente em situação irregular, privados de alguns direitos, alguns estudantes não bolseiros, sem recursos ou com escassos recursos de sobrevivência, cidadãos desempregados, a viver em condições de precariedade e necessitando de uma maior protecção por parte do Estado, a situação difícil em que alguns doentes evacuados e acompanhantes se encontram -, ao imenso desafio da integração acrescem inúmeros novos desafios a serem superados. Este é, pois, um tempo de solidariedade. Somos todos chamados a participar activa e solidariamente para a redução das vulnerabilidades às quais estão sujeitos os cabo-verdianos, dentro e fora do país, mormente os que se encontram em situações de vida dramáticas.

É particularmente reconfortante poder contar, nestes tempos tão difíceis, com a firme solidariedade das nossas comunidades no exterior que se têm mobilizado para ajudar o nosso país de forma exemplar, através de actos e gestos de solidariedade para com as pessoas mais desfavorecidas das suas comunidades de origem e do país, sendo de destacar o significativo aumento das remessas dos emigrantes às suas famílias, neste período especialmente problemático. A todos a nossa funda gratidão pelo trabalho e apoios louváveis para que, no país e fora dele, possamos retomar, com adaptações necessárias, o nosso dia-a-dia.

Caros concidadãos,

Nos meus contactos com as nossas comunidades no estrangeiro, ao longo dos meus dois mandatos, tenho-me cruzado com cabo-verdianas e cabo-verdianos notáveis, emigrantes e descendentes, que se afirmam nas sociedades onde residem, destacando-se, pela excelência, nos mais variados domínios do saber e do fazer. A integração das nossas comunidades nos países de acolhimento tem sido, pois, uma das minhas prioridades. Nestes últimos 12 meses que faltam para o cumprimento do meu 2º mandato como Presidente de todos os cabo-verdianos continuarei a exercer a minha magistratura de influência nessa direcção, concedendo uma atenção particular às comunidades que se encontram em situação especialmente precária. No dia Nacional da Cultura e das Comunidades, renovo o compromisso de continuar a apoiar em todas as esferas as comunidades emigradas e, muito particularmente, as que se encontram em situação de acrescida vulnerabilidade. Finalmente, queria deixar aqui uma palavra amiga e solidária a todos os nossos fazedores da cultura, profissionais das artes cénicas e performativas, artistas visuais, escritores, agentes culturais, técnicos e empresários e todos profissionais ligados ao sector, no país e na emigração, que viram as suas vidas mudar neste período de pandemia, pedindo-lhes coragem e esperança numa rápida e melhoria da sua situação.

Termino desejando a todos um bom Dia Nacional da Cultura e das Comunidades, fazendo votos para que a normalidade da produção, nesta área para nós tão querida e importante, possa voltar. Para que Cabo Verde continue a se distinguir, na comunidade internacional, como país de cultura, de gente boa e solidária, de um povo confiante, que sabe cantar a esperança. Obrigado em nome de Cabo Verde.

Jorge Carlos de Almeida Fonseca

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